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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A nova imagem da semana

Amizadinha, para colorir seu feriado, sugiro a contemplação da pintura "Onde dormem as âncoras", de Wega Nery (1912-2007), uma das mais importantes pintoras brasileiras do século XX.
Desde que as vi pela primeira vez, lá pelos anos '80, as pinturas de Wega me impressionaram muitíssimo pelo colorido, pelo lirismo, pelo insondável de suas paisagens imaginárias. Se eu ganhasse na mega-sena acumulada, certamente não iria querer comprar um Van Gogh ou um Monet: quero mesmo é "Minha vida me trouxe a estas lonjuras", de Wega Nery...
Se você quiser saber mais sobre ela, veja um artigo que saiu na revista CULT, por ocasião de seu falecimento: http://revistacult.uol.com.br/website/site.asp?edtCode=88FCF0BA-3186-4D61-83DE-2158DDF7057F&nwsCode=8273FCBD-FFCD-42A9-8D55-DA5183D0842B.html .
Algumas de suas obras podem ser vistas neste linque: http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_obras&acao=mais&inicio=1&cont_acao=1&cd_verbete=3553 .
Bom passeio pelo mundo onírico de Wega, pintora com nome e destino de estrela.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Mas, afinal, o que lê a Musa do Blogue?

Amizadinha, talvez você já tenha parado para pensar sobre o que estaria lendo a bela moça na pintura que ilustra o título da Estante. Pois bem, esse é um mistério que sempre me intrigou, mas que só pude elucidar parcialmente.
O quadro se intitula "O poeta favorito" e foi pintado por Sir Lawrence Alma-Tadema em 1889. Nascido na Holanda, Alma-Tadema alcançou a fama na Inglaterra vitoriana, no contexto de um movimento conhecido como Victorian Classicism. Muitas de suas obras mais famosas criam uma visão de como devia ser a vida das classes privilegiadas da época da Roma imperial: idílios passeios, banhos, conversas sofisticadas, banquetes, oferendas nos templos dos deuses pagãos, audição de música, leitura de poesia, tudo isso ambientado numa arquitetura em que o mármore é rei, sempre abrindo espaço para a visão, mesmo que ao longe, de um mar mais que azul.
Mas, afinal, o que lê a moça?
Mesmo o mais cuidadoso exame do papiro (que ela desenrolou até o fim, mostrando não só o seu interesse pela leitura, mas o fato de que dispõe de tempo para esse lazer culto que divide com sua amiga lânguida e ruiva) não permite decifrar qual texto chamou sua atenção, muito menos seu autor.
Entretanto, há na imagem uma indicação de quem pode ser o autor, o poeta favorito das duas belas. Atrás da ruiva ruborizada, há um painel de bronze recobrindo uma parede; nele, há retratos de três das nove Musas da mitologia clássica: Tália (musa da comédia), Urânia (astronomia) e Polímnia (poesia ou música sacra); na parte de baixo, percorrendo toda a base do painel, há uma longa frase em latim, de que se podem ver apenas algumas palavras.
Mesmo poucas, essas palavras são suficientes para esclarecer sua origem. Trata-se de um trecho da ode 31 do livro I das Odes de Horácio (65 a.C-8 d.C), o grande poeta lírico da Roma clássica. Em tradução de Bento Prado de Almeida Ferraz, o primeiro verso dessa ode diz assim: "O que pede o vate ao celebrado Apolo?", mostrando que seu tema é a reflexão sobre o que o eu-lírico espera da vida. A frase citada na pintura de Alma-Tadema faz parte do final do poema:

"Dá-me, — eu te peço, — filho de Latona,
a mim, válido, forte, íntegra a mente,
dá-me que frua da fortuna ganha
e velhice não sofra vergonhosa,
nem me venha a faltar jamais a lira."

O filho de Latona é o próprio Apolo, deus, entre outros atributos, da poesia. A lira, associada a Orfeu, filho de Apolo, simboliza, claro, o lirismo e, por extensão, o amor e o erotismo. É isso tudo que o poeta não quer que lhe falte na vida. Será por isso que a ruivinha ficou ruborizada?
O que você acha?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Vídeos sublimes

Amizadinha, conforme prometido, agora temos uma barra de exibição de vídeos na Estante. Ela se intitula "Vídeos sublimes" porque é dedicada, além de aos olhos, à alma de quem sabe que a música é a suprema das artes.
O primeiro a ser exibido é "Moro em Lisboa", do conjunto português "Madredeus", de minha especial predileção. Deleite-se com as guitarras (é como os portugueses chamam o violão...) de Pedro Ayres Magalhães... e a bela voz de água e cristais da bela Teresa Salgueiro.
A canção, em si, dura 4 minutos; depois disso, o vídeo mostra imagens do grupo.
Se você quiser saber mais sobre os Madredeus, use este linque: http://pt.wikipedia.org/wiki/Madredeus.

Rafael, o maior dos pintores? Por quê?


Raffaello Santi, também conhecido como Rafael de Sanzio, eternizado na História da Arte simplesmente como Rafael, forma o quarteto de ouro do Renascimento com Leonardo, Michelangelo e Sandro Botticelli.
Sua biografia pode ser consultada aqui: http://www.pitoresco.com.br/universal/rafael/rafael.htm
Uma extensa galeria de suas pinturas pode ser vista na seção "O Belo Artístico", aqui mesmo na Estante.
Tendo vivido apenas 37 anos, Rafael alcançou um tão alto nível de produção que mereceu, ainda em vida, o título de "Príncipe dos Pintores". Giorgio Vasari, o grande biógrafo dos maiores artistas do Renascimento, em seu livro As vidas dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos, de 1550, destaca que entre seus admiradores estava o próprio papa Leão X, que chegou a pensar em nomeá-lo cardeal.

No nosso tempo, o mais respeitado dos historiadores da Arte, o austríaco Ernst Gombrich, escreve em seu A história da arte que é por conseguir uma representação idealizada mas não exagerada da natureza que Rafael marcou seu nome eternamente. Segundo o historiador, referindo-se à pintura "Galatéia", de 1512, "se atentarmos uma vez mais para a obra de Rafael, veremos que ele, de qualquer modo, pôde idealizar a natureza sem qualquer perda de vitalidade e lhaneza no resultado final. Nada há de esquemático ou calculado na graça de Galatéia. Ela habita um mundo mais brilhante de amor e beleza -- o mundo dos clássicos, tal como era concebido por seus admiradores na Itália quinhentista" (GOMBRICH, E. A história da arte. Rio: LTC, 2000, p. 320).

Rafael era tão reconhecido já em vida, que, quando faleceu, o cardeal Bembo, um dos grandes humanistas do período, escreveu o seguinte epitáfio para o túmulo do pintor no Panteão de Roma (único edifício da arquitetura clássica da antiguidade greco-romana conservado perfeitamente até nossos dias, sendo usado, desde o Renascimento, como última morada das mais ilustres personalidades italianas):

Aqui jaz Rafael; enquanto viveu, a Mãe Natureza

Temia ser por ele vencida; agora que está morto,

Ela receia morrer também.


Pessoalmente, minha admiração sem limites por Rafael é fato recente. Sempre amei a pintura, mas, ao longo dos anos, meus favoritos foram Claude Monet, Fra Angelico, Wega Nery, Pablo Picasso, John Singer Sargent e Edouard Vuillard. Somente nos últimos anos é que atentei para o fato de que o que me aproxima desses pintores, a perfeição formal, o colorido, o jogo de luzes, o diálogo com a história da Arte, tudo isso já está em Rafael -- e num nível, sinceramente, muito mais alto. Assim, não deixei de admirá-los, só aceitei a verdade que meus olhos me mostram com evidência: o que nos acostumamos a chamar de pintura no Ocidente, sejamos especialistas ou simples diletantes, é o que Rafael pintou.

A você, amizadinha, fica, então, o convite para ver se estou dizendo a verdade. Clique já em "O Belo Artístico"!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Menu completo: as atrações da Estante

Amizadinha:

Tudo azul?
Apresento aqui as atrações deste blogue, que se dividem entre fixas e variáveis.
As fixas são:

1.Clássicos e Modernos: aqui você encontra um linque para o sítio português "Projecto Vercial", cuja proposta é ser "A maior base de dados sobre Literatura Portuguesa", apresentando biografias e textos de todos os autores portugueses, da Idade Média à contemporaneidade, além de ensaios críticos, fotos e downloads gratuitos. É uma ótima pedida para quem deseja ter uma visão de conjunto dessa literatura ou precisa localizar, com rapidez, um texto, um autor, um período.

2. A Quinta-Essência: apresentam-se aqui as obras completas dos dois autores monumentais da Literatura Portuguesa: Luís de Camões e Fernando Pessoa. É isso que chamamos de cultivar o sublime!

As atrações variáveis, porque seu conteúdo será constantemente renovado, são estas:

3. Abre-te, Sésamo!: uma arca de tesouros encontrados na internet, reunindo sítios que falam sobre literatura, artes e idéias. Traga seu apetite cultural e se delicie!

4. O Belo Artístico: destaque para as maiores obras-primas das artes plásticas, porque, muitas vezes, uma imagem diz mais que...

5. A Imagem da Semana: a cada sete dias, uma nova pintura ou foto para seu deleite, meditação e reflexão.

6. O Poema da Semana: a cada sete dias, um texto perfeito de um grande autor da literatura mundial.

Ficou com água na boca? Então, é só clicar...
Em breve, teremos uma seção de vídeos.
Não se esqueça de deixar seu comentário, colaboração, crítica ou sugestão. Façamos juntos este passeio pelas veredas da grande arte.
Um abraço,

Carlos